
A automação de testes já existe há mais de duas décadas. Frameworks maduros, ferramentas avançadas e metodologias modernas prometem acelerar ciclos de entrega e melhorar a qualidade. Mas, na prática, as equipes de QA e desenvolvimento ainda enfrentam um grande desafio: a lacuna da automação de testes.
Essa lacuna é a diferença entre o percentual de testes que as organizações gostariam de automatizar e o que realmente conseguem implementar. Relatórios recentes mostram que, embora as empresas prevejam atingir 63% de automação até 2025, a taxa real permanece estagnada em cerca de 40% há mais de cinco anos.
O estado atual: promessa vs. realidade
A maioria das equipes concentra esforços em testes de regressão e funcionais, pois são repetitivos e consomem muito tempo. Automatizá-los libera horas e permite que os testers se dediquem a tarefas mais estratégicas. No entanto, testes de acessibilidade, usabilidade e conformidade ainda dependem fortemente do julgamento humano.
Além disso, apenas um terço das equipes utiliza pipelines de CI/CD integrados com testes automatizados, perdendo a chance de acelerar entregas e detectar falhas precocemente.
Principais obstáculos que dificultam a automação
- Falta de habilidades: poucos testers têm conhecimento em programação, e engenheiros de automação são disputados no mercado.
- Complexidade tecnológica: microserviços, sistemas distribuídos e cloud tornam o processo mais complexo.
- Fragmentação de ferramentas: cada equipe usa soluções diferentes, sem gestão centralizada.
- Recursos limitados: prazos curtos dificultam a manutenção de scripts automatizados.
- Testes instáveis: mudanças mínimas na interface quebram scripts e reduzem a confiança.
- Pouco apoio da liderança: sem ROI claro, é difícil justificar investimentos.
Estratégias para fechar a lacuna
- Treinamento contínuo: certificações e capacitações internas fortalecem a cultura de qualidade.
- Colaboração entre testers manuais e automatizadores: unir conhecimento técnico e visão de produto.
- Centralização com ferramentas adequadas: soluções como TestRail e Ranorex aumentam a visibilidade e reduzem retrabalho.
- Testes resilientes: uso de esperas explícitas, ambientes limpos e seletores confiáveis.
- Inteligência Artificial aplicada: IA pode gerar casos de teste, identificar lacunas e otimizar esforços.
- Estratégia sustentável: aplicar a pirâmide de automação garante equilíbrio entre testes unitários, de API, integração e UI.
O futuro: automação inteligente e “shift-left”
O setor caminha para testes orientados por IA, com scripts autorreparáveis e geração preditiva de casos.
O shift-left testing —iniciar os testes desde etapas iniciais do desenvolvimento— reduz custos e agiliza entregas.
E a integração total com DevOps cria ciclos de feedback contínuo e fortalece a colaboração entre equipes.
Conclusão
A lacuna da automação é um desafio real, mas superável. Com capacitação, ferramentas adequadas e uma estratégia clara, as equipes podem entregar software mais rápido, com menos falhas e maior qualidade.
O futuro não exige apenas automatizar mais, mas sim automatizar melhor.